diariamente

acostumei a chegar em casa 
correndo fazer almoço
correndo ensaboar a pele
correndo vestir a roupa
correndo olhar no espelho 
dobrando um pouco os joelhos
para caber o corpo inteiro
menos os pés que estão
sempre a ponto de partir
para alimentar a alma
vender, morrer ou matar, 
que seja
o futuro sempre me deu medo

Um comentário:

Karen Corrêa disse...

o costume embaça as lentes
nubla a visão com camadas
de mesmices, tédio e continuísmos
almoço sabor monotonia
banho de essência de pasmaceira
veste-se a roupa como farda
pra enfrentar o dia e a cara
que não cabe mais no espelho
muda
o corte de cabelo, o lado do riso
e o passo da dança
hoje não é a vida que te tira pra dançar
hoje você conduz
e se o futuro dá medo
o presente da chances

(ouvindo Bethânia)