Eu não sei se já consigo usar o passado pra nós. Esse é o nosso quinto janeiro. Há cinco janeiros o meu amor vive de esperança. Por aqui, chove há cinco verões. Dos calorosos e coloridos verões de sempre, esse chegou ao contrário. Soa estranho falar sobre a estação do calor assim, mas março faz hora pra chegar. Junto com a chuva, janeiro trouxe uma ilusão para afogar todos os meus verbos e suas conjugações futuras e passadas e tanto faz. Uma – mais uma? - tentativa de afogar o meu amar, o meu querer, o meu viver e tirar do fundo dessas lágrimas o meu esquecer, pra lembrar que, a partir do resto desse mês número um, o mês do recomeço, você ficou preso no início de um ano qualquer perdido pela vida. É assim, mas ainda todos os meus verbos caminham direto para sua saliva, vão de encontro com sua piscina de pele clara, fazem morada na água que encharca dos seus cabelos depois do banho e ressurgem nas gotículas de suor depois de um dia de trabalho, mas não morrem nas lágrimas. Transborda você em mim. Transborda amor. Como é patético ainda eu ter amor por você em janeiro. Em janeiro tem excesso de chuva, excesso de lágrimas, excesso de água. Não existe rua para o amor passar em janeiro. Passa sempre na televisão pra todo mundo ver que janeiro não foi feito para amar. Aí, todo mundo chora de uma vez pra acabar com a dor mais fácil. Vamos acabar logo com isso que em janeiro tudo afoga mesmo, não é? Não. O amor não afoga em janeiro. É assim mesmo. Em janeiro, todo mundo chora.
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Um comentário:
Mas é assim mesmo. Em janeiro todo mundo chora...
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