eu me lembro de como você me chamava
quando me segurava pelos cabelos
ou, pelo menos, eu imaginava que você me chamaria assim
se fizesse parte disso aqui
alguns elepês na vitrola desgastada
a garrafa de vinho aberta na sala
sujando meu tapete colorido
as cinzas do seu cigarro de sempre
do meu cigarro de nunca
hoje só as cinzas do que a gente virou
depois de tanto eu imaginar
você sentindo amor por mim
fiz poesias para ninguém
me extrapolei pra você
passei dos limites
não nomeei meus parâmetros
meus contornos, que você tanto falou um dia
passei da conta na bebida
na paixão por ninguém
no sexo por acaso
me perdi entre o que sou e o que nunca fui
pra você
por você
mas continuo sendo sua
toda
sua
toda
nua
sempre que você quiser
subindo os morros da sua casa
sem parar para respirar
olhando de lado pro seu sorriso de canto
ouvindo sua voz reclamar
entrando na sua casa
vendo suas paredes - verdes, talvez
falando algo sobre sentir e você entortando
um pouco a cabeça pra me ouvir melhor
eu repito: sentir
e sinto de olhos fechados tudo que não sinto quando olho pra você
e te peço
:me leve pra onde vive o seu sentir
mas já é tarde demais
os sentimentos ficaram encostados num lugar sem acesso
o vinho acabava
a música já não rolava
e eu, como sempre, transitando entre o que sou e o que nunca fui
pra você
por você
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