Para o amor - que ainda não me conhece

Ouve? Você ouve daí minhas gargalhadas? Estou rindo de você! Eu rio de você! Rio da sua cara na sua cara! Rio do seu nariz perfeito, do seu sorriso de canto, da sua voz fanhosa. Rio do gesticular das suas mãos, que levam anéis nos dedos do meio. Rio das suas pernas grossas e dos seus pés pequenos. Rio da fumaça do seu cigarro, que passa por mim e finge não me fazer mal. Eu rio do que me faz mal. Dou gargalhadas maléficas que não condizem comigo, porque o amor não condiz comigo. O amor veio e me provou que não condiz comigo! E agora eu grito! E então eu rio da cara do amor. Eu sobrevivi a noites insones sem, ao menos, sentir o calor dos amores passados, só para poder rir da sua cara. Eu não adormeci os olhos para poder, agora, rir de vo-cê. Rio do seu passado cansado, que rasteja por ali, volta por aqui e te machuca e te entrega e te deixa sem saída. O amor te transformou nas cinzas do seu cigarro mal fumado. Cigarros não fumados. Corpos não violados. Cigarros que estragam os corpos, mas enlouquecem o seu sexo. Eu não nasci pra perder! E eu rio de você!

3 comentários:

Rafael Soal disse...

Amor: um delicioso desperdício de energia - quando se é correspondido, claro.

Juliana Kalid disse...

ri, sim! o mais alto que puder...
que mais se há de fazer?!

:)

(acho tão estranho isso de amor ser algo novo a cada vez que chega...)

Alternativa disse...

Eu rio de você por ter me mostrado este espaço só agora. Eu rio por que adoro a sensibilidade das palavras. E, agora, seguirei rindo e passeando por aqui.