à noite, pernilongos dispersam palavras como
amor, janelas, teatro e tranças
preciso ficar no escuro
para que você volte, para que o sono chegue
percebo que há voos também vindo da cozinha
são músicas compostas para pálpebras insones
passa pela minha cabeça fabricar repelentes caseiros
mas desisti de colocar seu nome nos poemas
IV
difícil não saber em qual
janela você sente outubro
ou quando uma cena minha
escorre entre suas pernas
dar seu nome a um poema
parece desperdício da minha
atual palavra preferida
III
desconhecendo a cidade
visito sua rua
penso em qual dessas
casinhas ouropretanas
você estaria fabricando
saudades por alguém
em qual dessas janelas repousam
suas tranças
seus abraços
seu não-amor por mim
Eu sou um pássaro
eu sou um pássaro
voando sobre os humanos
descobrindo sensações
meu primeiro voo após
a morte
voando sobre os humanos
descobrindo sensações
meu primeiro voo após
a morte
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