"guardo inteira em mim a casa que mandei um dia pelos ares"

Tristes minutos determinam o inicio da minha dor. Está chegando a hora do fim. Fecho os olhos na esperança de ouvir distante o murmúrio da lua se colocando entre as estrelas. Me encaro no vidro embaçado pelo meu próprio fôlego e deixo cair sobre meu peito meus dedos encharcados de aflição. Insisto em buscar uma fresta fresca para repousar meu tormento. Existe dentro de mim um buraco que fica entre a pele das costas e a pele do peito. Não há sangue frio correndo e nem batimentos. Existe lá dentro meus gritos ressonando em total furor. Canso um pouco da minha própria presença. Deito na cama e, sem permitir que meus cílios se encostem, durmo o sono dos injustiçados pelo amor.

começo.

O café está pra terminar
as luzes do dia pra acender
as cortinas pra se abrirem
as gavetas ainda estão vazias
as palavras nem se falam.
eu, sentada à mesa, tentando começar
quiçá com vontade,
sentindo a peso do mundo. – como machuca!