Quando a primavera empurrou o inverno, eu amei.

As flores fizeram festa pelos campos empurrando o gélido ar de um inverno quase nostálgico.
Eu, sentada na grama, sorri com um ar doce, pois sabia quem chegava por trás de mim.
Quando senti suaves golpes de cores nas minhas costas, pestanejei com receio de me virar. Sabia que vinha um redemoinho de sentimentos, entrelaçados e balançando-se, feito os cabelos dela que, com o vento, sempre faziam eu me perder no cheiro agradável de uma pressuposta primavera.
Era à tarde. Tinha sol, o verde e nós.
Convicta do sim, apoiei minhas mãos na grama e me virei.
Dei de cara com o amor golpeando-me com sorrisos e me cobrindo de fantasias.



Ouvindo: Marcelo Camelo - Tudo passa.

Um copo de água, por favor.

É um castigo quando meu coração bate em outro tom e a noite se perde entre as estrelas. Eu passo a manhã – talvez a tarde também. A noite, não, porque seria agressivo, ou até mesmo abusivo, do amor – segurando meus erros.
Me seguro engasgando com a falta de força de um grito ou outro, ou com um nó mal dado dentro da minha garganta. Sinto-o palpitando, querendo sair de mim.
Culpa desse maldito abandono que me pega desprevenida. - Penso: em sonho é hora?
Talvez seja esse desamparo parado em meu peito ou um soluço que tem o seu nome que, vez ou outra, resolve afetar a doce parte de um afeto tão improvável.
Te peço um copo de água.
Por favor! É pra me desembaraçar. Tirar as borboletas da minha garganta. O impulso dos meus dedos. O compasso que o seu sorriso faz dentro da minha cabeça. A rima de uma poesia perdida pelo caminho.
Não – você responde.
Abusada!
Durante o dia, um vazio se forma dentro de mim. Acumula. Os impulsos me abraçam. Me travo.
Amanhã é outro dia.
Suspiro aliviada.